O júri teve início por volta das 08h30 desta terça-feira (29/11) no Fórum Desembargador Faria e Souza em Caratinga. No banco dos réus, a mãe Maria de Lurdes Benfica que matou o filho em fevereiro de 2016, na cidade de Imbé de Minas. O adolescente, Areto Henrique da Silva, de 15 anos, morreu com ferimentos na cabeça, provocados por um golpe de um pedaço de pau.
Na época dos fatos, conforme cobertura jornalística do Super Canal, a mãe foi conduzida à Delegacia pela Polícia Militar. A mãe alegou que desferiu o golpe, após ter sido agredida, ameaçada e, segundo ela, na tentativa de proteger a filha de 23 anos, que também estava em casa e era vítima das agressões e ameaças desferidas pelo próprio irmão.
Conforme reportagem e com base no depoimento à PM, no dia dos fatos, a mãe relatou que por volta das 23h, o filho chegou em casa bastante agressivo. As horas seguintes foram denominadas pela mãe como uma “sessão de tortura” contra ela e a filha. Em versão apresentada aos militares, ele contou que o adolescente agrediu a irmã com socos e chutes. Ele chegou a acorrentar a mãe junto aos cachorros, com pés e mãos amarrados. As agressões e ameaças teriam se estendido durante a madrugada, até por volta das 3h. Mãe e filha foram para o quarto tentar dormir, enquanto o adolescente andava pela casa e destruía móveis e pertences. Ainda de acordo com a mãe, em seu depoimento à Polícia, por volta das 07h de sábado o adolescente foi até o quintal e pegou um pedaço de pau para dar continuidade às agressões. Houve luta corporal entre eles e após se apossar do pedaço de pau, desferiu o golpe. O adolescente golpeado na cabeça morreu na hora, dentro de um dos quartos da casa.
Desde então, o advogado Max Capella esteve à frente do caso, em defesa da mãe. Ainda em entrevista ao SC, naquela época, informou que a mãe agiu para proteger a própria vida e de sua filha. A mãe teria relatado a respeito do envolvimento do filho com drogas e que nos últimos quatro meses a situação estava se tornando insustentável. Todas as noites, drogado, o filho agredia e realizava ameaças. A mãe teria dito “era ele ou a gente (ela e a filha)”, referindo-se à morte do filho.
PROCESSO ENCERRADO
Neste dia 29 de novembro de 2022, o processo chegou ao fim, conforme o advogado Max Capella. A defesa manteve a alegação de que a mãe agiu em legítima defesa. O julgamento começou por volta das 08h30 e foi finalizado por volta das 14h30. Foram ouvidas testemunhas do caso, a filha e irmã da vítima e a mãe do adolescente. No conselho de sentença, por unanimidade, os jurados acolheram a tese de legítima defesa, sem interesse de recurso por parte de acusação e defesa.
Na edição do SC Notícias desta quarta-feira, dia 30, o advogado Max Capella dará mais detalhes sobre o caso e julgamento.
O QUE DIZ A MÃE
“Essa dor eu nunca vou esquecer, nunca vai sair de mim. Eu rezo para ele todos os dias”, diz mãe
Em áudio enviado ao jornalismo do SC nesta terça-feira, a mãe Maria de Lurdes Benfica falou sobre o julgamento e como tem vivido nestes últimos anos.
“Eles viram a minha situação, entenderam. Eu nunca vou tirar isso da minha vida. Inclusive, quando aconteceu isso comigo, eu pensei que não aguentaria. Cheguei a pensar em fazer besteira na minha vida. Essa dor eu nunca vou esquecer, nunca vai sair de mim. Eu rezo para ele todos os dias. Infelizmente, eu perdi o meu filho para as drogas. Eu tanto que expliquei para ele e ele foi para esse mal caminho, terrível. Eu sofro demais. O que eu passei eu não desejo pra ninguém. Só Deus que me conforta, mais nada”, destacou.
Emocionada, Maria relatou que hoje vive com a saudade “ninguém substitui o meu filho. Eu amava e amo ele. Essa saudade eu nunca vou esquecer desse filho meu. Tomava conta dele sozinha, não faltava nada para ele. Infelizmente, foi assim que aconteceu. A saudade nunca vai sair. Fico sem chão e só Deus para me confortar. Fiquem com Deus e orem por mim, rezem por essa mãe que sempre tem essa dor, que nunca vai passar. Só Deus para ir me confortando, até um dia me levar”, concluiu.
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