Maranhão registra primeiros casos da variante indiana da Covid-19

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Secretário Carlos Lula confirma durante entrevista coletiva primeiro caso de variante indiana no Maranhão — Foto: Adriano Soares/ Tv Mirante

O Maranhão registrou os primeiros casos da variante indiana do coronavírus (chamada de B.1.617) no Brasil. São seis pessoas que chegaram ao estado a bordo do navio MV Shandong da Zhi, atracado no litoral do estado. 

A informação foi confirmada por Carlos Lula, secretário estadual de Saúde e presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), na manhã desta quinta-feira (20).

Dos seis infectados, um precisou ser levado de helicóptero para um hospital da rede privada no dia 13 de maio. Trata-se de um tripulante indiano de 54 anos.

  • ENTENDA por que a nova cepa preocupa o Brasil e o mundo

15 pessoas que estavam no navio apresentaram sintomas da Covid-19 e foram testadas. De acordo com o secretário, foi possível fazer o estudo genômico de 6 amostras, que deram positivo para a cepa indiana. Por conta disso, a tripulação se encontra isolada e o navio, que não tem permissão para atracar na costa do Maranhão, continua ancorado. 

Conforme o secretário, 100 pessoas que tiveram contato com esses infectados serão testadas, acompanhadas e isoladas. 

“A variante já estava presente em 51 países e aqui na América do Sul só estava presente na Argentina. O Brasil acaba sendo o segundo país da América do Sul com confirmação da cepa”, disse o secretário.

Preocupação mundial

Estes são os primeiros casos da cepa indiana no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a variante está sendo classificada como um tipo “digno de preocupação global”.

A OMS disse que a linhagem predominante da B.1.617 foi identificada primeiramente na Índia em dezembro, embora uma versão anterior tenha sido detectada em outubro de 2020.

OMS classifica variante de Covid B.1.617, que circula na Índia, como uma variante de preocupação global

No último dia 14, o governo federal proibiu a entrada de estrangeiros em voos com origem na Índia, conforme edição extra do Diário Oficial da União. A decisão atende recomendação feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido aos sucessivos recordes de casos e mortes no país.

Paciente internado 

O paciente que está internado em São Luís é um homem de nacionalidade indiana, segundo informou o governo do estado por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES) no domingo (16). 

Segundo a SES, o fato foi informado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O indiano começou a sentir os sintomas da doença em 4 de maio e teve febre. Por conta do quadro, ele foi encaminhado em um helicóptero para um hospital da rede privada no dia 13 de maio por determinação da equipe médica que o assistia. 

A variante indiana 

A variante indiana B.1.617 possui três versões, com pequenas diferenças (B.1.617.1, B.1.617.2 e B.1.617.3), descobertas entre outubro e dezembro de 2020. As três versões apresentam mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a proteína que fica na superfície do vírus e é responsável por conectar-se aos receptores das células humanas e dar início à infecção. 

Entre as alterações, uma se destaca: E484Q tem algumas similaridades com a E484K, alteração encontrada nas outras três variantes de preocupação global. São elas: a B.1.1.7 (Reino Unido), a B.1.351 (África do Sul) e a P.1 (Brasil, inicialmente detectada em Manaus). 

Até o momento, cientistas ainda não conseguiram estabelecer sobre a variante indiana: 

  • A sua real velocidade de transmissão e se ela é mais transmissível 
  • Se a variante está relacionada a quadros de Covid-19 mais graves, que exigem internação e intubação
  • O quanto as mudanças genéticas interferem na eficácia das vacinas já disponíveis

Indícios de maior transmissibilidade 

Uma análise da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicada em 9 de maio, diz que a piora da pandemia na Índia tem uma série de fatores, “incluindo a proporção de casos provocados por variantes com maior transmissibilidade”. 

Mas o relatório também aponta outros ingredientes fundamentais para a crise sanitária no país, “como aglomerações relacionadas a eventos religiosos e políticos e a redução da aderência às medidas preventivas de saúde pública e sociais”, como o uso de máscaras e o distanciamento físico. 

No Reino Unido, que tem um dos melhores sistemas de vigilância genômica do mundo e lida com uma das variantes de preocupação global (a B.1.1.7), o número de casos causados pela B.1.617 quase triplicou em uma semana. 

Em um mês, a participação relativa da cepa indiana no total de casos que foram sequenciados geneticamente no Reino Unido subiu de 1% para 9%. Em algumas regiões, como Bolton, Blackburn, Bedford e Sefton, a B.1.617 já representa a maioria dos casos analisados e já se tornou dominante.

Por G1 MA — São Luís

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