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Esfera de sinalização é colocada em cabo da torre de energia onde avião da cantora bateu, em Caratinga

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A Cemig, que é a companhia de energia de Minas Gerais, instalou na última sexta-feira (1°), uma esfera de sinalização no cabo de uma torre de distribuição da empresa, em Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce, onde o avião bimotor que transportava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas caiu, depois de bater em um dos cabos, em 2021. 

g1 entrou em contato com a Cemig, que informou em nota que o Cenipa recomendou “em caráter excepcional, a sinalização da linha de distribuição” no trecho de prolongamento da pista do aeródromo de Caratinga, mas que “não há previsão para a sinalização da rede no local” (leia íntegra no final da reportagem). 

No dia 5 de novembro, o avião, que havia saído de Goiânia, caiu a dois quilômetros da pista onde faria o pouso. Segundo relatos chamados de Notam (sigla em inglês para “Notice to Airmen”, ou “aviso aos pilotos”), da Aeronáutica, havia indicações aos pilotos que se dirigiam à região que havia riscos de operar nesse local. 

Relatório sobre o acidente feito pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira, apontaram que os cabos de alta tensão estavam abaixo da linha de visão dos pilotos, já que, no momento do impacto, sua atenção estava direcionada para a pista de pouso. Também segundo o documento, os equipamentos de energia tinham baixo contraste com a vegetação do entorno, reduzindo a percepção a grandes distâncias.

Para Emanuel Mendonça, morador da região que testemunhou a queda do avião da cantora, acidentes piores podem acontecer se a empresa não fizer mudanças significativas ou novos projetos na área. 

“Essa esfera não vai adiantar muito. Precisa de um novo projeto, abaixar a torre. Uma hora pode cair na nossa casa, e vai acabar sendo um acidente de maiores proporções, tirar outras vidas”, opinou. 

Caso Marília Mendonça: esferas de sinalização são colocadas em cabos da torre de energia onde avião da cantora bateu, em MG — Foto: Geórgia Marques 

No acidente com Marília Mendonça, de acordo com Emanuel, o avião “rasgou” os fios de alta tensão ligados à torre próxima ao local, fazendo a aeronave perdeu a sustentação. Na época, devido ao acidente, 33 mil clientes da região ficaram sem energia elétrica. 

“Fiquei com medo do avião pegar fogo, explodir, não sei como isso não aconteceu. Mas a CEMIG tem que dar uma atenção melhor para a nossa região. Avião sempre passa aqui e é baixo, porque logo mais na frente tá a pista de pouso”, explicou Emanuel. 

“Meu medo é que aconteça algo pior. Piloto não vai enxergar essa bola, precisam colocar algo maior, que mostre que os fios estão ali, se não esses acidentes vão ser constantes por aqui”, finalizou.

Pilotos e técnico da Cenipa colhem pistas do avião que caiu causando a morte da cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas — Foto: Carlos Eduardo Alvim/TV Globo 

Lei Marília Mendonça

Uma semana depois do acidente, um projeto de lei no Senado Federal propôs o estabelecimento de critérios para a sinalização de torres e linhas elétricas. 

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal aprovou, no dia 12 de dezembro de 2021, a proposta, de autoria do senador por Roraima, Telmário Mota (Pros), que foi apresentada para a Comissão e recebeu parecer favorável da senadora Kátia Abreu (PP-TO), relatora da proposta. 

A senadora apresentou uma emenda para batizar a proposta como “Lei Marília Mendonça”, em homenagem à cantora. 

O texto propunha que as regras de sinalização deveriam ser aplicadas em todas as linhas de transmissão, inclusive àquelas sob concessão ou permissão de distribuição de energia. 

Marília Mendonça morreu no auge de sua carreira, em novembro 2021 — Foto: Divulgação 

A proposta era que as torres fossem sinalizadas com pinturas que possibilitassem ao piloto a identificação como sinal de advertência. 

As empresas também deveriam utilizar sinalização com esferas coloridas e placas de advertência, de maneira complementar, ou quando a pintura fosse inadequada. 

A proposta ainda está sendo analisada, em caráter conclusivo, pela câmara dos deputados, nas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Viação e Transportes; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. 

O acidente

No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave que transportava a equipe de Marília Mendonça caiu em Piedade de Caratinga

O avião estava em situação regular e tinha autorização para fazer táxi aéreo. A aeronave decolou do Aeródromo Santa Genoveva, em Goiânia (GO), às 16h02min. O grupo voava em direção à cidade de Caratinga, onde a artista faria um show naquela noite. 

Além de Marília Mendonça, morreram no acidente o piloto Geraldo Medeiros, o copiloto Tarciso Viana, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho. De acordo com a Polícia Civil, todos foram vítimas de politraumatismo contuso.

Marília Mendonça morreu no auge de sua carreira, em novembro 2021 — Foto: Divulgação 

Nota Cemig

A regularidade da sinalização das torres de distribuição da Cemig no trecho em questão foi atestada pelo relatório do Centro de Investigação e prevenção de acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que concluiu que a rede de distribuição naquele trecho (ora sinalizada) “não se enquadrava nos requisitos que a qualificassem como obstáculo ou objeto passível de ser sinalizado”. Ou seja, não há previsão para a sinalização da rede no local. 

No entanto, o Comando da Aeronáutica (COMAER) recomendou a Cemig, em julho passado, a adoção de medidas para atendimento às recomendações feitas pelo CENIPA no Relatório Final n. A-121/CENIPA/2021. Nesse documento, é recomendado, em caráter excepcional, a sinalização da linha de distribuição de 69 kV no trecho do prolongamento da pista 02 de SNCT (Aeródromo do Município de Caratinga). 

Informações do G1

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