A Polícia Federal de Governador Valadares começou nesta terça-feira (3), em um cemitério de Sardoá, no Leste de Minas Gerais, um trabalho de exumação do corpo de um mineiro morto numa chacina, no município de San Fernando, no estado Tamaulipas, no México. O crime foi em 2010, quando 72 pessoas foram executadas
A PF informou que a ação foi um pedido de Cooperação Jurídica Internacional feita pela Procuradoria-Geral da República do México ao Ministério Público Federal, vinculado à investigação em curso pela prática do crime de homicídio qualificado.
O objeto é a exumação dos restos mortais do mineiro e, em seguida, a coleta de material biológico de familiares.
A polícia informou também que os trabalhos periciais serão realizados por Peritos Criminais Federais em conjunto com equipe multidisciplinar enviada pelo México com a finalidade de confirmar a identidade e a causa da morte do corpo exumado.
Entenda o caso
No dia 25 de agosto, de 2010, o governo do México anunciou a descoberta de 72 corpos de pessoas mortas a tiros em uma fazenda na região de Tamaulipas, que faz fronteira com o estado norte-americano do Texas.
O crime foi o maior decorrente de disputas entre os cartéis de narcotraficantes Golfo e Los Zetas desde a posse do presidente Felipe Calderón, em 2006, segundo o governo mexicano.
Entre os mortos havia quatro brasileiros, dois deles da região Leste de Minas, Hermínio Cardoso dos Santos, de 24 anos, de Sardoá e Juliard Aires Fernandes, de 20, de Santa Efigênia de Minas.
Os dois jovens foram enterrados no mesmo cemitério em Sardoá. A PF não informou qual dos corpos está sendo exumado.
Conforme relato de um sobrevivente, que disse que eles foram sequestrados por um grupo armado que lhes ofereceu trabalho como matadores de aluguel quando tentavam viajar em direção aos Estados Unidos. Eles recusaram e foram mortos.
Houve confusão na entrega dos restos mortais à família, sendo que em 2010 chegou às mãos de familiares, em uma caixa fechada, sem que pudessem reconhecer por não ter sido permitido pelas autoridades mexicanas.
Foi solicitada, por familiares, a revisão da identificação do corpo, em 2013. A solicitação foi atendida pela comissão forense que entregou o relatório em 2019 ao Ministério Público e posteriormente à família em 2021.
No relatório a Comissão diz não contar com elementos suficientes para confirmar a identificação.
Sendo assim, a exumação servirá para que seja feita a comparação entre amostras biológicas coletadas dos restos mortais e aquelas fornecidas, voluntariamente, pelos parentes diretos do de cujus e para se chegar à conclusão da causa mortis.
Informações do G1