Uso do celular ao volante é a principal causa de acidentes no Vale do Aço

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O Sargento Celso Giovani, do 1º Pelotão da Polícia Militar Rodoviária Estadual, concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal da Cidade Ipatinga sobre cuidados no trânsito devido às festividades de fim de ano. 

O sargento ressaltou sobre o uso de celular por motoristas, que consequentemente, causa muitos acidentes nas rodovias do Vale do Aço. “Alguns sinistros na nossa região ocorrem em razão da utilização do aparelho celular no trânsito. Lembrando que o uso do aparelho não é só a pessoa fazer uma ligação, enviar uma mensagem via aplicativo, pois, até mesmo segurar o aparelho celular já é um motivo que causa distração e leva ao cometimento de um sinistro de trânsito. Também alinhada a isso, o uso do aparelho está diretamente ligado à falta de atenção e os cuidados indispensáveis à segurança do trânsito, que é a principal causa de ocorrência de sinistros, não só na nossa região, mas no estado de Minas Gerais”, disse.

Celso Giovani ressaltou quais são as principais causas de acidentes ocorridos na região do Vale do Aço. “Posso citar que, além da falta de atenção, o uso de bebida alcoólica (embriaguez ao volante), ultrapassagem em local proibido, não manter distância de segurança, que é muito comum aqui na nossa região, principalmente na cidade de Ipatinga”, enfatizou.

O sargento pontuou as consequências causadas devido ao uso do celular no trânsito. “Geralmente, a principal causa de ocorrência de sinistro na nossa região é a falta de atenção. Nós temos uma frota de veículos bem grande no Vale do Aço, também temos uma frota flutuante, que são veículos de outras cidades, outras unidades da Federação, que estão sempre transitando aqui na nossa região. Nós temos um gargalo no horário de pico, entre 16h30 e 18h30, que aumenta as incidências dos sinistros de trânsito nas rodovias aqui do Vale do Aço, que estão alinhados além da falta de atenção, não manter a distância de segurança, e frequentemente, nós deparamos com sinistros de colisão na traseira, seja automóvel com automóvel, motocicleta com automóvel, veículo de carga com automóvel, é quase corriqueiro esse tipo de registro na nossa região”, ressaltou.

“Ambas essas situações que eu disse sobre o uso do aparelho celular na condução do veículo, não manter distância de segurança, falta de atenção, todas essas situações são infrações de trânsito e são passíveis da lavratura do auto de infração pelo agente de trânsito”, disse Celso Giovani.

Confira as dicas da Polícia Militar Rodoviária 

O Sargento Celso Giovani deu dicas de segurança da Polícia Militar Rodoviária em situações de uso do aparelho celular, não manter distância de segurança e falta de atenção. “É orientado de fato que o condutor do veículo fique atento durante a condução do veículo. Deixamos a recomendação ao pedestre que também esteja atento. A partir do momento que você faz parte do trânsito, você tem que estar atento para evitar um atropelamento, um sinistro, mesmo que seja somente de danos materiais, mas que sempre causam transtorno para os envolvidos e até mesmo para as demais pessoas que estão trafegando no trânsito naquele momento”, disse.

“Ainda deixamos a recomendação para aquelas pessoas, caso tenham algum compromisso, que necessitem deslocar pelas rodovias no horário de pico, que se possível antecipe o seu horário de deslocamento para que não venha querer tirar a diferença do seu atraso no trânsito, porque poderá provocar ou envolver-se num sinistro e aquele tempo que você tentou ganhar você pode perdê-lo no trânsito ou até mesmo vir a perder a própria vida ou tirar a vida de um terceiro”, finalizou.

Minas Gerais

Somente entre janeiro e setembro deste ano, Minas Gerais registrou 364 acidentes relacionados ao uso do celular por motoristas, um aumento de quase 30% em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram contabilizados 288 casos. Esses números refletem um salto de 309% ao longo de uma década, apontando para a crescente dependência tecnológica e seus impactos no trânsito. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que o uso de smartphones ao volante aumenta o risco de acidentes em 400%.

A situação ainda pode ser mais grave do que os números sugerem. De acordo com Fernando Sette Junior, assessor de educação para o trânsito da Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET-MG), os registros oficiais são apenas uma parte da realidade. O uso de celular ainda pode estar inserido na estatística de causa presumida, como “falta de atenção”, que concentra mais de 107 mil registros no estado e não indica exatamente o tipo de desatenção. 

Dependência Tecnológica

A pessoa que faz uma pausa na atenção que deveria estar direcionada ao trânsito, ao retomar a atividade anterior, já está com o foco comprometido. É o que alerta a psicóloga especialista em trânsito Adalgisa Lopes, presidente da Associação de Clínicas de Trânsito do Estado de Minas Gerais (ACTrans-MG). “Uma pessoa que fica 15 minutos olhando para a tela do celular, na próxima atividade que ela fizer vai ter uma baixa de atenção, por conta do excesso de estímulo”, afirma Adalgisa. Profissionais que dependem do celular para trabalhar, como motoristas de aplicativo e entregadores, estão entre os mais vulneráveis, destaca a especialista. “É alarmante o número de acidentes fatais envolvendo jovens motoristas, muitos dos quais utilizam plataformas digitais como principal fonte de renda”, observa.

Mudança de Paradigma

Apesar das penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro para o uso de celular ao volante, que vão desde multas de até R$ 293,47 e acúmulo de pontos na carteira de habilitação, especialistas acreditam que a abordagem atual é insuficiente para combater o problema. “Não estamos agindo da maneira correta e eficaz para corrigir os fatores que levam a esse descrédito pela vida, pela legislação e que coloca em risco, principalmente a vida de outras pessoas, porque por mais que esse condutor menospreze o risco, ele está colocando outra pessoa inocente em uma situação de extrema vulnerabilidade. Não existe, até agora, nenhuma ação eficaz que corrija essa atitude, que muitas vezes é resultado de problemas psicológicos e culturais mais amplos”, afirma Alysson Coimbra.

Fonte: Portal da Cidade Ipatinga

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