A Polícia Civil informou, nesta sexta-feira (29), que prendeu um homem de 58 anos suspeito de abusar sexualmente de três irmãs de sua ex-companheira, investigada pela morte de cinco filhos em Timóteo, no Leste de Minas Gerais.
Segundo a polícia, os crimes ocorreram entre 2008 e 2010, quando as vítimas tinham entre 4 e 12 anos. Atualmente, elas têm entre 19 e 27 anos. Além dos abusos, o suspeito também é acusado de coagir as mulheres durante as investigações. A prisão preventiva foi cumprida no último dia 25.
A delegada responsável pelo caso, Valdimara Teixeira, explicou que a coação foi determinante para a prisão.
“Ele procurava as vítimas, ameaçava e tentava sugerir o que poderiam ou não dizer. Isso prejudicava a investigação. Algumas delas precisaram ser ouvidas mais de uma vez, porque inicialmente não relatavam tudo por medo”, disse.
Ex-servidor usava posição para intimidar vítimas
De acordo com a Polícia Civil, o homem é ex-servidor nomeado e atuava como carcereiro, mas nunca integrou os quadros da corporação como policial. Ainda assim, utilizava a suposta função para intimidar as vítimas tanto na época dos abusos quanto recentemente, durante o inquérito.
As contradições em depoimentos prestados por ele ao longo dos anos também chamaram a atenção. Em 2010, afirmou desconhecer as mortes das crianças, mas em 2025 declarou que já desconfiava da participação da ex-companheira nos crimes. A divergência levou os investigadores a intimar novas testemunhas, quando surgiram os relatos de abuso contra as irmãs da suspeita.
Mulher segue presa em Portugal
A ex-companheira do homem preso, Gisele Oliveira, de 40 anos, é investigada por matar cinco filhos ao longo de 15 anos. Ela está detida em Coimbra, Portugal, desde julho, aguardando processo de extradição para o Brasil.
Segundo a investigação, Gisele teria sedado as crianças com medicamentos e, em seguida, as asfixiado. Os crimes ocorreram em 2008, 2010, 2019 e 2023. Laudos médicos e depoimentos reforçam a suspeita de intoxicação e sufocamento.
Em 2010, duas crianças dela com o homem preso morreram com intervalo de 32 dias. Uma tinha 2 anos e 8 meses e a outra, apenas 10 meses. Exames apontaram intoxicação por fenobarbital e asfixia por conteúdo gástrico.
Na época, embora a materialidade dos homicídios tivesse sido confirmada, o inquérito foi arquivado por falta de autoria. O caso voltou a ser investigado em 2023, após a morte de outro filho da suspeita e a denúncia feita por familiares.
Relembre o caso
Gisele Oliveira é investigada por matar cinco filhos e tentar assassinar outras duas pessoas entre 2008 e 2023, em Timóteo. A prisão dela foi realizada em agosto, em Coimbra, pela Polícia Judiciária portuguesa, com apoio da Interpol, a pedido da Justiça brasileira.
Além dos filhos, o atual companheiro da mulher também apresentou sintomas de intoxicação em 2022, permanecendo 24 horas desacordado após ser internado em um hospital. O caso é tratado como tentativa de homicídio.
A Polícia Civil informou que não será necessário realizar exumações, já que exames feitos em vida nas vítimas fornecem elementos suficientes para a análise. A extradição de Gisele está em análise pelo Ministério da Justiça e pelo Judiciário brasileiro.
“São casos que se arrastam há 15 anos. Trabalhamos muito para oferecer uma resposta rápida à sociedade”, concluiu a delegada Valdimara Teixeira.
