Motorista de ex-prefeito acusado de matar esposa médica em hotel no ES é solto pela Justiça

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Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, foi prefeito de Catuji, em Minas Gerais, e está preso suspeito de matar a esposa médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, foi prefeito de Catuji, em Minas Gerais, e está preso suspeito de matar a esposa médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O motorista Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, que preso preventivamente pela morte da médica Juliana Ruas El Aouar, 39 anos, junto com o marido dela, Fuvio Luziano Serafim, 44 anos, foi solto por meio de alvará expedido pela Justiça nessa quarta-feira (18). De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o homem praticou o crime de fraude processual e não teve participação na morte.

A decisão foi da juíza responsável, Silvia Fonseca Silva, a partir das informações apresentadas no processo.

Juliana Ruas El Aouar foi morta no dia 2 de setembro, em um hotel de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. Robson foi preso um dia após o crime. Ele atuava como motorista de Juliana e do marido, Fuvio Luziano Serafim, ex-prefeito da cidade mineira de Catuji. 

Fuvio permanece preso preventivamente. Também nesta quarta-feira (18) ele foi denunciado em uma ação penal ajuizada pelo MPES pelo crime de feminicídio qualificado com uso de asfixia, fraude processual majorada e consumo compartilhado de drogas. A ação ainda será analisada pela Justiça. 

Ex-prefeito da cidade de Catuji, em Minas Gerais, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos foi preso por matar a esposa médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos — Foto: Reprodução/Redes sociais

Ex-prefeito da cidade de Catuji, em Minas Gerais, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos foi preso por matar a esposa médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos — Foto: Reprodução/Redes sociais

O advogado Tárcio Leite de Almeida, que fez a defesa dos dois acusados na audiência de custódia, informou que a família de Fuvio ainda aguarda por mais informações sobre a denúncia para tomar decisões. 

O advogado Adalto Tristão Dias, que foi contratado pela família da médica para atuar no caso, afirmou que precisa conhecer melhor o teor da denúncia e que seria prematuro emitir algum posicionamento sobre o inquérito policial.

Nota na íntegra do Ministério Público do Espírito Santo:

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Colatina, informa que ajuizou a ação penal nº 0003041-31.2023.8.08.0014, em face de Fuvio Luziano Serafim pela prática das condutas de feminicídio qualificado pela asfixia, fraude processual majorada e consumo partilhado de drogas, restando imputados na denúncia os crimes previstos no artigo 121, §2º, incisos III e VI, § 2º-A, inciso II, em combinação com o artigo 13, §2°, “a” e “c”, do Código Penal com incidência da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) c/c artigo 347, parágrafo único, do Código Penal e artigo 33, § 3º, da Lei 11.343/06, na forma do artigo 69, do Código Penal (concurso material de crimes). 

Relembre o caso

Juliana Pimenta Ruas El Aouar foi encontrada morta na manhã do dia 2 de setembro, em um quarto de hotel de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, onde o casal estava hospedado.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, o cenário encontrado pelos peritos foi o quarto todo revirado, sangue nas roupas de cama e a médica toda machucada.

Principal suspeito da morte da médica Juliana Ruas El Aouar, morta em um hotel de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, o marido dela, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, foi indiciado pela polícia por homicídio qualificado com dolo eventual. Já o Ministério Público denunciou o suspeito por feminicídio.

De acordo com dados da plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Fuvio foi prefeito de Catuji por dois mandatos consecutivos. O primeiro, em 2012, recebeu 4.051 votos. No segundo, em 2016, 3.286.

Juliana e Fuvio moravam na cidade mineira Teófilo Otoni, mas estavam hospedados no hotel em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. No quarto ao lado, estava o motorista do casal.

Juliana era médica em Teófilo Otoni e o pai dela, Samir El-Aouar, é ex-prefeito da cidade e atua na mesma profissão. Nas redes sociais, o ex-prefeito celebrou a data do casamento com a médica no dia 17 de novembro de 2018.

A Polícia Civil do Espírito Santo informou que o inquérito foi concluído no último dia 4 de outubro. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) ofereceu denúncia à Justiça nesta quinta-feira (18).

Trabalho da polícia

Consta no documento da Polícia Civil do ES que os peritos encontraram vidros de remédios quebrados e a janela do quarto onde o casal estava aberta, o que levou os profissionais a verificaram se se havia sido jogado para fora do espaço.

Os peritos encontraram, então, um medicamento de uso controlado, indicado como agente anestésico único para procedimentos cirúrgicos e diagnósticos que não necessitem de relaxamento muscular esquelético. O produtos estava no estacionamento do hotel, exatamente embaixo do quarto do casal.

No atestado de óbito da médica, as causas da morte apontadas são:

  • Hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue)
  • Asfixia mecânica
  • Broncoaspiração (entrada de substâncias estranhas, tais como alimentos e saliva, na via respiratória)
  • Traumatismo cranioencefálico (lesão física ao tecido cerebral que, temporária ou permanentemente, incapacita a função cerebral)

Segundo a Polícia Militar, uma equipe foi acionada para verificar a informação de que teria acontecido um homicídio nas dependências do hotel. Quando os policiais chegaram ao local, o gerente do estabelecimento disse aos militares que havia uma hóspede em um quarto com o marido e, em outro quarto, estava o motorista do casal.

Ainda de acordo com o relato aos policiais, o gerente do hotel disse que, durante a madrugada, outros hóspedes reclamaram de barulho e bagunça no quarto do casal. Já pela manhã, Fuvio compareceu à recepção do estabelecimento, bastante alterado, querendo pagar a conta, alegando que a esposa estava passando mal e teria desmaiado. Neste momento, foi feito contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito no local.

De acordo com boletim, o marido da médica e o motorista do casal deram versão diferentes sobre a morte de Juliana.

Consta no documento que um agente da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Colatina compareceu ao local do fato para realizar as diligências. Ao questionar Fulvio sobre o que teria acontecido dentro do quarto, o esposo relatou que a médica teria passado por um procedimento cirúrgico em um hospital particular da cidade na sexta-feira (1º), e que, após isso, os dois teriam ido a uma churrascaria. Segundo o esposo de Juliana, ela estava feliz e ambos foram dormir às 20h.

O marido da médica ainda relatou que, quando acordou por volta de 8h de sábado, encontrou a esposa desmaiada na cama, possivelmente já morta, e foi orientado pelo Samu a colocá-la no chão do quarto para tentar reanimá-la.

Em contrapartida, ainda segundo o boletim de ocorrência, o motorista do casal relatou uma versão diferente, no qual teria sido chamado pelo marido de Juliana para ir ao quarto onde os dois estavam hospedados, pois a média havia caído no banheiro e precisava de ajuda.

O ex-prefeito e o motorista do casal foram encaminhados à Delegacia Regional de Colatina.

Informações do G1

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